E então você entra num ambiente. Seus olhos, todos os seus sentidos, passeiam. Buscam algo. As paredes, as janelas, o teto, o chão, cores, texturas. Finalmente, objetos. Coisas. E aí... Alguma coisa acontece no seu coração. Ué... Mas não era só mais uma... coisa? Não. Você acaba de ver uma obra arte. Como você sabe? Bom... Parafraseando o adorado personagem Chicó, de Ariano Suassuna, não sabe. Só sabe que é assim.
Acontece conosco. Acontece com o artista. O artista, termo geral, porque criação é mistério, instinto, mágica. Mas, na arte popular, o componente instintivo é diferenciado porque... evidente. Sem escolas formais ou normas acadêmicas, a arte popular nasce da tradição familiar e comunitária, da vivência local, do puro exercício da expressão intuitiva. Aprende-se fazendo. Vivendo. Observando. Experimentando. Não raro, o artista popular nem se entende, por muito tempo, como artista. Ele apenas é. E não é essa, afinal, a verdadeira realização, o ponto de culminância de todo artista? SER.
Na Arte Popular, a humanidade se sabe parte de um todo, produto e produtor do seu ambiente, da sua cultura, dos seus laços de afeto. Terra, água, ar, fogo, família, afeto, técnica, artesania. Uma ciranda. Os criadores, as criaturas e todos os que em algum momento vão se encontrar com tudo isso e saber que é vivo, que é lindo, que é... arte. Porque alguma coisa acontece no coração. E não se sabe bem o quê. Nem como. Mas sabe-se que é assim.